Violão Clássico

 

 

 

Violão clássico (no Brasil conhecida como violão e em Portugal como viola) é uma guitarra acústica com cordas de nylon,

concebida para a interpretação de peças de música erudita ou popular. O corpo é oco e chato, em forma de oito, e

feito de várias madeiras diferentes. O braço possui trastes que o tornam um instrumento temperado. As versões

mais comuns possuem seis cordas de nylon, mas há violões com outras configurações, como o violão de sete cordas de nylon,

É comum também na atualidade encontrarmos violões com 8 e até 10 cordas. Geralmente são modelos encordoados

 com nylon e de cordas simples ( não duplas ).

 

Características Gerais

 

A sua configuração moderna e desenho foram confeccionados na Espanha. Presente hoje em quase todos os gêneros

musicais populares, sua abrangência só se compara à do piano. Ao longo do tempo este instrumento sofreu grandes

 evoluções e, hoje em dia, possui uma grande variedade de formatos e tamanhos, cada qual mais apropriado a um

 estilo de execução. Entre os gêneros que mais utilizam o violão estão a música erudita, o flamenco espanhol,

 o vals peruano, a cumbia colombiana, o joropo venezuelano, as rancheras mexicanas, a MPB, o fado português,

a modinha, a morna, o choro, a bossa nova, as músicas folclóricas e regionais, a música folk americana, entre outros.

 

Sobre o nome "violão"

 

Na língua portuguesa, o nome "guitarra" se aplica ao instrumento acústico ou elétrico indistintamente. No Brasil e em

Cabo Verde manteve-se a designação mais comum violão para a guitarra clássica. Acredita-se que o nome derive

 diretamente do termo "viola", que designa as violas portuguesas, da qual a viola caipira brasileira é uma evolução.

Embora possua várias diferenças de timbre e de número de cordas, a viola é muito semelhante em formato à guitarra,

apenas menor. É compreensível que, para um leigo, uma guitarra seja apenas uma viola grande. Assim, apesar

de referir-se ao mesmo instrumento que a guitarra, a origem linguística do nome "violão" foi o termo "viola", acrescido

da desinência de grau "ão". Mesmo originando-se de um equívoco, o nome violão hoje faz parte do vocabulário

 de todos os brasileiros e designa de forma inequívoca a guitarra clássica. Muitos compositores e estudiosos

 tentaram, sem sucesso, fazer com que o termo guitarra voltasse a ser utilizado no Brasil para unificar a nomenclatura

 a todas as outras línguas. Apenas no século XX o nome guitarra retornou ao vocabulário corrente dos

 brasileiros, mas apenas para designar a versão eletrificada (guitarra elétrica).

 

Uso na música popular

 

Diversas características do violão o tornam propício ao acompanhamento do canto. Entre elas, a extensão, o

volume sonoro, a relativa riqueza harmônica, o baixo custo e o peso reduzido. Isso também o torna o

instrumento preferido de alguns intérpretes. Como é fácil de transportar, é comum ver grupos de pessoas reunidas

 em torno de um violão em festas, bares, praias, estádios, estações de trem ou outros locais ou situações em que as

 pessoas se agrupam. A execução puramente harmônica para o acompanhamento do canto é facilmente dominada

 e as revistas com cifras e tablaturas dos sucessos musicais do momento são facilmente encontráveis em qualquer

quiosque de jornais. Poucos instrumentos são tão presentes no cotidiano, executados por músicos amadores tanto

 quanto por profissionais.No Brasil, apresentações com "um banquinho e um violão", em pequenos espaços, com um

cantor se acompanhando ao violão são comuns na bossa nova e na MPB. A despeito desse valor gregário, em

 muitas canções, o violão é descrito como o único companheiro das horas de solidão. Os versos de Caetano Veloso

 em "Tigresa" descrevem um desses momentos:

"E eu corri pra o violão num lamento E a manhã nasceu azul Como é bom poder tocar um instrumento".

Em outros momentos, o violão é descrito como um item essencial sem o qual a vida não teria sentido. Na letra

 de "Chão de Estrelas", Orestes Barbosa diz que

"(…) a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão".

No verso final de "Acorda amor" (Julinho da Adelaide, pseudônimo de Chico Buarque) o marido em fuga pede

 à sua esposa que não se esqueça de colocar na mala os itens de primeira necessidade:

"Não esqueça a escova, o sabonete e o violão".

Em Cabo Verde, o violão é o instrumento-rei para acompanhar géneros musicais locais, tais como a coladeira,

a mazurca e a morna, e pode ocasionalmente ser usada em outros géneros. Para além de instrumento de

 acompanhamento é também utilizado como instrumento solista. Em Portugal, para além de ser usado em vários

 géneros musicais, é o principal instrumento de acompanhamento para o fado (sendo, neste caso,

chamado pelos músicos de "viola"), onde a parte melódica é feita na guitarra portuguesa e o baixo feito no violão baixo.

 

Construção

 

O violão possui diversas características em comum com todas as outras guitarras. A principal diferença em

 relação às outras é o fato de usar cordas de nylon, a cabeça possuir carrilhões em vez de cravelhas,

 o braço é mais largo e o tipo de madeiras usadas. A guitarra clássica pode ser eletrificada

 mediante o uso de microfones externos ou colocados junto às cordas. A figura abaixo mostra as partes

de uma guitarra clássica.

 

 

Cabeça, braço e escala

 

A palheta do violão é geralmente feita da mesma madeira do braço e em alguns casos é entalhada no mesmo bloco

de madeira. É fixada na extremidade do braço formando um pequeno ângulo para facilitar o posicionamento das

 cordas sobre a pestana (feita de osso, plástico ou latão em alguns casos). As tarrachas dos instrumentos

 modernos são feitos de aço com abas de plástico, osso ou madrepérola. Na maior parte das guitarras acústicas

há três carrilhões de cada lado da cabeça. Outras configurações são possíveis, como 4+2, 4+3 em violões de

7 cordas e 2+2 para violões baixo. O braço do violão clássico de cordas de nylon é mais largo que o de outras

 guitarras acústicas, como por exemplo, a o violão folk de cordas de aço. É composto basicamente de uma barra

 maciça e rígida de madeira fixada ao corpo. Madeiras de grande resistência à tração são preferíveis, as mais

usadas são o mogno e o cedro. O braço é colado ao corpo com o auxílio de um reforço estrutural, o tróculo,

 em geral entalhado na mesma peça do braço, mas que também pode ser uma parte separada e colada ao braço

 e ao corpo. Feita de uma madeira diferente do resto do braço, como ébano, a escala é montada sobre o braço

 para fixar os trastes e servir de apoio aos dedos do executante. Os violões clássicos geralmente não apresentam

 elementos decorativos sobre a escala diferente dos violões folk. Os violões modernos são construídos com os

 trastes posicionados para proporcionar intervalos iguais em todos os semitons (temperamento igual). Em geral,

 a parte livre do braço é mais curta que nos instrumentos elétricos, com doze trastes da pestana até a junção com o corpo.

 

Corpo

 

Em todos os tipos de violão o corpo tem as funções de caixa de ressonância e de fixação das cordas. A combinação

 de madeiras utilizadas não é meramente decorativa. Cada madeira é escolhida devido às suas características físicas,

 tais como flexibilidade, resistência à tração e absorção de umidade. As características combinadas de cada madeira

 permitem construir instrumentos com a sonoridade desejada, bem como garantem que o instrumento terá afinação

 e timbre estáveis em condições diferentes de temperatura, umidade e tensão das cordas. Devido ao formato

característico do corpo do violão, costuma-se dizer que ele tem as mesmas proporções de um corpo feminino. Por

analogia também diz-se de mulheres que têm a cintura acentuada, que têm um "corpo de violão".

 

Faixas laterais

 

Feitas de madeiras resistentes à tração. A madeira preferida para esta parte do corpo é o jacarandá da Bahia.

 Como esta árvore está em risco de extinção, apenas luthiers que possuem estoques antigos utilizam essa madeira.

 Uma alternativa é o jacarandá da Índia, também chamado Rosewood. Também pode ser usado o mogno ou

 algumas outras madeiras. As finas lâminas, de no máximo 3 mm de espessura e com cerca de 3 a 5 cm de largura,

são molhadas e moldadas no formato desejado do instrumento (normalmente no formato aproximado de um 8) com

a ajuda de moldes de madeira e grampos. Após alguns dias as faixas adquirem a forma definitivamente.

 Várias peças de madeira em forma de "L" são coladas ao longo de toda a parte interna das faixas.

 Estas peças servirão para colar o fundo e o tampo.

 

Fundo

 

Construído da mesma madeira que as faixas, o fundo também é uma lâmina fina de madeira, cortada para

 preencher exatamente o contorno definido pelas faixas. Na verdade, não é constituído de uma única chapa,

mas de duas partes simétricas fixadas no meio a um estrutura que se estende longitudinalmente ao corpo.

 O resultado é um fundo que não é plano, mas levemente curvo em direção ao exterior. Essa montagem permite

 a dilatação e faz com que alterações da madeira decorrentes de variações de temperatura ou umidade sejam

 absorvidas sem danos às lâminas.

 

Tampo

 

Esta é a principal parte do corpo do violão. Como as cordas são fixadas ao tampo, quando elas vibram todo o

 tampo vibra solidariamente. Este efeito é responsável pela maior parte da amplificação acústica. Como deve

 agir como uma membrana, o tampo deve ser construído de uma lâmina fina (em geral menos espessa que

 o fundo e laterais) de uma madeira altamente flexível, mas ainda assim resistente o suficiente para suportar

 a tração ocasionada pelas cordas. A madeira preferencial para o tampo é o cedro, mas várias outras madeiras

 podem ser usadas. Os melhores instrumentos são obtidos de árvores com pelo menos 200 anos, que possuem

veios praticamente paralelos. Assim como o fundo, o tampo é obtido de uma única chapa de pinho dividida em

 duas metades unidas ao meio e colado aos suportes em "L". No ponto de junção entre as faixas e o tampo, um

 friso é colado como elemento decorativo e também como reforço estrutural do conjunto. Aproximadamente no

 centro do tampo, uma abertura, a boca serve para permitir a passagem do ar em vibração. Em geral, um mosaico

 feito em marchetaria decora e protege as bordas das aberturas. O desenho utilizado é característico de cada

luthier. Na parte interna do tampo, uma complexa estrutura de barras ou ripas de madeira é construída para

 "disciplinar" a vibração do tampo. Chamada de leque, esta estrutura é fundamental para permitir o reforço

de determinados harmônicos e a absorção de ruídos indesejáveis. Em geral o número de barras e o desenho utilizado

 é característico de cada luthier ou de cada modelo. Abaixo da boca é colado o cavalete, usado para fixar as cordas

 ao corpo. O cavalete possui furos para a fixação das cordas e sobre ele é montado o rastilho, uma barra de osso

 ou plástico que serve para apoiar e distanciar as cordas do corpo e da escala, além de transmitir a vibração das cordas

 ao tampo.

 

Encordoamento

 

As guitarras clássicas utilizam exclusivamente cordas de nylon; a construção deste tipo de instrumento não

 suporta a tensão maior proporcionada pelas cordas de aço. As cordas mais finas, chamadas de primas ou

 agudas, são feitas de polímero monofilamento (um fio único), de nylon ou compostos utilizando carbono

 e titânio. As mais grossas, chamadas de bordões ou baixos, consistem de um núcleo composto por

 multifilamentos de fios de nylon, enrolados em espiral por um fio metálico. Este fio é feito geralmente de

 cobre (puro ou suas ligas), cobre banhado a prata, ou mesmo de prata pura, tratado com revestimento

 antioxidante. Esta construção permite maior resistência à tração, maior estabilidade de afinação e maior

 flexibilidade do que seria possível caso se usassem fios de cobre também nas cordas mais grossas.

As cordas de aço são utilizadas para quem quer um violão com o timbre encorpado, o som mais

 característico da música, como por exemplo, sertanejo, rock. Portanto,como as cordas de aço

 machucam os dedos, e não é recomendado para os iniciantes. Depois que estiver com os dedos

 calejados e não sentir mais as pontas, você poderá comprar um de aço.

 

Execução

 

Música clássica

 

Este instrumento originou um ramo da música clássica composta por obras escritas especialmente para

 tirar partido das possibilidades expressivasdo violão, geralmente prelúdios, sonatas e concertos, embora

 qualquer forma de composição musical possa ser utilizada. O violão é tocado sem ouso de palhetas,

 utilizando-se as unhas (normalmente da mão direita). As unhas devem estar bem polidas para um som

 mais perfeito. Já Francisco Tárrega, preconiza que o toque seja realizado pela mão direita com a parte

 "macia" do dedo, ou seja, a unha não deveria ser utilizada. O toque nas cordas pode ser sem apoio

 ou com apoio. No último, o dedo, após ferir a corda descansa na corda imediatamente acima. Ao

 contrário da música popular a execução mais freqüente é de uma linha melódica tocada nas cordas

 agudas e linhas de baixo, escalas e arpejos são tocados simultaneamente à melodia principal.

 

Principais compositores do instrumento

 

Século XIX
Século XX

Música popular

Na música popular as guitarras clássicas são utilizadas para acompanhamento do canto e a execução

 freqüentemente é harmônica. Os acordes são montados com a mão esquerda e com os dedos da mão

 direita ou palhetas, são feitos diversos tipos de ritmos ou arpegios. Alguns gêneros musicais permitem

 a utilização de linhas melódicas em introduções e solos. No jazz podem ser utilizadas técnicas mais

elaboradas como o tapping e a execução com harmônicos. Na música popular é comum a amplificação

 das guitarras clássicas com microfones dinâmicos. Os amplificadores permitem ajustes de tonalidade

 e mesmo algumas leves distorções são toleráveis as vezes em alguns estilos populares.

 

Principais instrumentistas

 

 

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