A vihuela é um instrumento de cordas com formato parecido com a guitarra. Seu fundo é plano e conta com seis ou
sete ordens de cordas que se acredita que afinavam em uníssono. As cordas eram de tripa, sendo as mais graves
banhadas entornadas de prata. Seu tamanho era variável, as mais pequenas afinadas em Lá e Sol (em referencia
a primeira corda) e as maiores em Fá, Mi e Re. Geralmente é aceito que a primeira corda era simples, se bem que há
vihuelistas que usam duas primeiras. Alguns contavam com uma só roseta central e outras até cinco, de madeira talhada
ou de pergaminho e era freqüente a decoração da tampa com incrustações de chapa de madeira formando as características
figuras geométricas que conferiam uma estética muito especial ao instrumento. Os trastes eram iguais aos de todos os
instrumentos de cordas da época: eram móveis, de tripa enrolada ao redor do braço, a principio em número de nove
ou dez e mais adiante até doze.
História
A vihuela é um instrumento que alcança seu máximo esplendor na península Ibérica durante o século XVI, em torno
de um ambiente cortesão e sobre as capelas musicais de reis e nobres. Mas seria um erro pensar que seu âmbito
ficou reduzido a península, tendo em conta as contínuas viagens de Carlos V e Felipe II por toda a Europa. Assim mesmo,
se repassarmos os inventários de instrumentos musicais nas cortes espanholas, observaremos uma evidente presença
de alaúdes, que na Espanha era conhecido como vihuela de Flandres, o qual nos faz pensar em uma convivência
de ambos os instrumentos. Durante os séculos anteriores os instrumentos de cordas adquiriram uma progressiva
configuração, já em meados de 1400, o Arcipreste de Hita faz diferença entre a vihuela de peñola (tocada com plectro)
e a vihuela de arco. Mas as fontes mais valiosas são os próprios tratados dos vihuelista e o tratado de Fray Juan Bermudo.
Em comparação com outros instrumentos de corda do Renascimento, o número de vihuelas conservadas é muito reduzido.
Estão catalogados somente quatro exemplares. Ao final do século XVI, a vihuela caiu em desuso e entrou na moda a guitarra
barroca de cinco ordens, à qual foram freqüentes as modificações para adapta-la às novas exigências. Fato que possivelmente
tenha influenciado para que poucas vihuelas originais tenham se conservado. Um dos instrumentos conservados se encontra
no Museu Jaquemart André de Paris e é conhecido como a Vihuela de Guadalupe. Este instrumento é pouco representativo, pois
suas dimensões são desproporcionais aos instrumentos da época. Não podemos nos esquecer, no entanto, que no século XVI não
existia uma altura normalizada de diapasão e que a altura da afinação se buscava com base na experiência e as necessidades do
intérprete. Outra vihuela se encontra na Igreja da Companhia de Jesus de Quito ( Equado r). Trata-se de uma relíquia que pertenceu
a Santa Mariana de Jesus e se encontra em uma urna junto ao seu corpo. Poucos a viram devido ao seu acesso. Um terceiro
instrumento se encontra no Museu dos Instrumentos do Conservatório de Paris. Trata-se de um soberbo exemplar cujas
características mais destacadas são o fundo e a roseta (que não é talhada mas colada sobre a tampa com um fundo de
pergaminho). Um outro instrumento digno de menção é o conservado no Museu Royal College of Music de Londres.
Este instrumento pertenceu ao português Belchior Dias ( Lisboa, 1581 ). Os vihuelistas espanhóis contribuíram para muito
para o desenvolvimento da linguagem musical do século XVI.
Repertório
A primeira pessoa a publicar uma coleção de música para a vihuela foi o compositor espanhol Luis de Milán, com o volume
"Libro de música de vihuela de mano intitulado El maestro" de 1536. O sistema de notação utilizado nesse e em outros
livros de música para vihuela é a tablatura numérica. A música é facilmente executada um um violão moderno usando a
afinação padrão ou a afinação do alaúde clássico e da vihuela.
Os livros de música para vihuela impressos que sobreviveram são, em ordem cronológica:
-
'El Maestro' de Luis de Milán (1536)
-
'Los seys libros del Delphin' de Luis de Narváez (1538)
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'Tres Libros de Música' de Alonso Mudarra (1546)
-
'Silva de sirenas' de Enríquez de Valderrábano (1547)
-
'Libro de música de Vihuela' de Diego Pisador (1552)
-
'Orphénica Lyra' de Miguel de Fuenllana (1554)
-
'El Pamasso' de Estevan Daça (1576).